Próstata - cirurgia do câncer

Sumário

O câncer de próstata é o segundo tipo de câncer mais comum entre os homens no Brasil, sendo responsável por cerca de 30% dos casos da doença nesse grupo¹. O tratamento do câncer de próstata depende do estágio da doença, da idade e das condições clínicas do paciente, bem como das suas preferências e expectativas. Entre as opções de tratamento, a cirurgia é a principal forma de cura para os casos localizados ou localmente avançados, ou seja, quando o tumor está restrito à próstata ou aos tecidos adjacentes².

O que é a cirurgia para câncer de próstata?

A cirurgia para câncer de próstata consiste na remoção completa da próstata e das vesículas seminais, que são estruturas que armazenam e secretam o líquido seminal. Esse procedimento é chamado de prostatectomia radical e pode ser realizado por diferentes técnicas, conforme veremos a seguir. O objetivo da cirurgia é retirar todo o tumor maligno e evitar que ele se espalhe para outros órgãos. A cirurgia também pode ser indicada para aliviar os sintomas causados pelo crescimento da próstata, como dificuldade para urinar ou retenção urinária.

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Quais são as técnicas de cirurgia para câncer de próstata?

Existem três principais técnicas de cirurgia para câncer de próstata: a aberta, a laparoscópica e a robótica. Cada uma delas tem suas vantagens e desvantagens, que devem ser discutidas com o médico antes da decisão.

1- Cirurgia aberta

incisão aberta - prostata — A) Retro-púbica B) Perineal

A cirurgia aberta é a técnica mais tradicional e consiste em fazer uma incisão na parte inferior do abdômen ou na região entre o ânus e o escroto (períneo) para acessar e remover a próstata. A cirurgia aberta pode ser realizada por duas vias: a retropúbica ou a perineal.

Na via retropúbica, o cirurgião faz uma incisão na parte inferior do abdômen, do umbigo até o osso púbico. Essa via permite ao cirurgião remover também os linfonodos (gânglios linfáticos) da região pélvica, caso haja suspeita de que o câncer tenha se disseminado para eles. A via retropúbica também possibilita a preservação dos nervos responsáveis pela ereção, se eles não estiverem comprometidos pelo tumor.

Na via perineal, o cirurgião faz uma incisão na pele entre o ânus e o escroto. Essa via é menos utilizada, pois não permite a retirada dos linfonodos nem a preservação dos nervos. No entanto, pode ser uma opção para os pacientes que não estão preocupados com a ereção ou que não podem fazer a via retropúbica por outras condições clínicas.

A cirurgia aberta tem como vantagens a maior facilidade técnica e a maior experiência dos cirurgiões. Por outro lado, tem como desvantagens a maior perda de sangue, a maior dor pós-operatória, o maior tempo de internação e recuperação e o maior risco de complicações, como infecção ou hérnia.

2 – Cirurgia laparoscópica

Na prostatectomia laparoscópica, os médicos realizam a cirurgia utilizando instrumentos especiais e uma câmera chamada laparoscópio. Esses instrumentos são inseridos através de pequenas incisões na região abdominal, em vez de uma grande incisão única utilizada em cirurgias tradicionais. Isso significa que a recuperação tende a ser mais rápida e o paciente tem menos dor após a cirurgia.

Aqui está uma visão geral do processo:

Preparação: Antes da cirurgia, você passará por exames médicos e discussões com o cirurgião para garantir que a prostatectomia laparoscópica seja a melhor opção para o seu caso.
Anestesia: No dia da cirurgia, você será anestesiado para não sentir dor durante o procedimento. A equipe médica cuidará de você durante todo o processo.
Pequenas incisões: O cirurgião fará pequenas incisões na sua região abdominal. Essas incisões são por onde os instrumentos cirúrgicos e o laparoscópio serão inseridos.
Visualização: O laparoscópio, que é uma câmera de vídeo em miniatura, será inserido em uma das incisões. Ele transmite imagens em tempo real do interior do seu corpo para um monitor na sala de cirurgia. Isso permite que o cirurgião veja a área a ser operada com clareza.
Remoção da próstata: Usando os instrumentos cirúrgicos, o cirurgião removerá a próstata afetada. A precisão dos movimentos é controlada pelo cirurgião enquanto ele observa as imagens do laparoscópio.
Fechamento: Após a remoção da próstata, as incisões são fechadas com pontos ou grampos.
Recuperação: A recuperação na prostatectomia laparoscópica tende a ser mais rápida do que nas cirurgias tradicionais. Você provavelmente precisará ficar no hospital por alguns dias para se recuperar e receber cuidados adequados. Pode haver algum desconforto e inchaço, mas isso diminui gradualmente ao longo do tempo

3- Cirurgia Robótica

A prostatectomia robótica é um procedimento cirúrgico avançado usado para tratar problemas na próstata, especialmente o câncer de próstata. Nessa técnica, os médicos utilizam um robô assistido por cirurgiões para realizar a operação. Isso permite precisão ainda maior e uma recuperação geralmente mais rápida em comparação com as cirurgias tradicionais.

Aqui está uma visão geral de como a prostatectomia robótica funciona:

Preparação: Antes da cirurgia, você passará por exames médicos e conversas com o cirurgião para determinar se a prostatectomia robótica é a melhor opção para o seu caso.
Anestesia: No dia da cirurgia, você receberá anestesia para garantir que você não sinta dor durante o procedimento. A equipe médica estará com você o tempo todo para cuidar de todos os detalhes.
Robô assistido: Durante a cirurgia, o cirurgião controla um robô especializado que possui braços precisos e instrumentos cirúrgicos. O robô não realiza a cirurgia sozinho; ele é uma extensão das mãos do cirurgião, permitindo movimentos delicados e precisos.
Pequenas incisões: O cirurgião faz pequenas incisões na região abdominal. Essas incisões são por onde os braços do robô e os instrumentos cirúrgicos serão inseridos.
Visualização em 3D: Uma câmera em 3D é inserida através de uma das incisões. O cirurgião olha para uma tela que mostra imagens tridimensionais em alta definição do interior do seu corpo. Isso permite que o cirurgião veja detalhes minuciosos e realize movimentos precisos.
Remoção da próstata: Com a ajuda dos braços do robô, o cirurgião remove a próstata afetada. A vantagem da prostatectomia robótica é que os braços do robô têm uma grande amplitude de movimento, permitindo uma abordagem mais delicada.
Fechamento: Após a remoção da próstata, as incisões são fechadas com pontos ou grampos.
Recuperação: Geralmente, a recuperação na prostatectomia robótica é mais rápida do que nas cirurgias tradicionais. Você pode precisar ficar no hospital por um curto período para cuidados pós-operatórios. Pode haver um pouco de desconforto, mas isso diminui com o tempo.

Já existem 3 plataformas diferentes no Brasil, autorizadas para a reliazação dessas cirurgias:

Quais são os riscos e as complicações da cirurgia para câncer de próstata?

A cirurgia para câncer de próstata é um procedimento seguro, mas como toda cirurgia, pode apresentar alguns riscos e complicações. Os riscos gerais da cirurgia incluem sangramento, infecção, trombose venosa profunda, embolia pulmonar e reações à anestesia. As complicações específicas da cirurgia para câncer de próstata incluem:

Incontinência urinária: é a perda involuntária de urina, que pode ocorrer por lesão dos esfíncteres ou por alteração da capacidade da bexiga. A incontinência urinária pode ser temporária ou permanente, dependendo da extensão da lesão e da recuperação dos músculos. A maioria dos pacientes recupera a continência urinária em até um ano após a cirurgia, mas alguns podem precisar de tratamentos complementares, como fisioterapia, medicamentos ou até mesmo novas cirurgias.
Disfunção erétil: é a dificuldade ou impossibilidade de obter ou manter uma ereção satisfatória para a relação sexual. A disfunção erétil pode ocorrer por lesão dos nervos responsáveis pela ereção ou por alteração do fluxo sanguíneo no pênis. A disfunção erétil também pode ser temporária ou permanente, dependendo da preservação dos nervos e da recuperação da função sexual. A maioria dos pacientes recupera a função sexual em até dois anos após a cirurgia, mas alguns podem precisar de tratamentos complementares, como medicamentos, injeções ou próteses penianas.
Estenose uretral: é o estreitamento do canal da urina (uretra), que pode ocorrer por cicatrização anormal do local onde a bexiga foi ligada à uretra após a retirada da próstata. A estenose uretral pode causar dificuldade para urinar, jato urinário fraco ou intermitente, infecções urinárias ou retenção urinária. A estenose uretral pode ser tratada com dilatação uretral ou com nova cirurgia para corrigir o defeito.
Fístula urinorretal: é uma comunicação anormal entre a uretra e o reto, que pode ocorrer por lesão do reto durante a retirada da próstata. A fístula urinorretal pode causar saída de urina pelo ânus, infecções urinárias ou fecais ou inflamação do escroto. A fístula urinorretal geralmente requer nova cirurgia para fechar o orifício.

Como é o pós-operatório da cirurgia para câncer de próstata?

O pós-operatório da cirurgia para câncer de próstata varia conforme a técnica utilizada e as condições clínicas do paciente. Em geral, o paciente recebe alta hospitalar em um ou dois dias após a cirurgia aberta e no mesmo dia ou no dia seguinte após a cirurgia laparoscópica. O paciente deve permanecer com uma sonda vesical para drenar a urina por uma a duas semanas após a cirurgia. A sonda é retirada após um teste de estanqueidade da bexiga, que consiste em injetar soro fisiológico na bexiga e verificar se há vazamento pela incisão.

Após a retirada da sonda, o paciente pode apresentar incontinência urinária, que tende a melhorar com o tempo e com exercícios de fortalecimento do assoalho pélvico. O paciente também deve evitar esforços físicos, relações sexuais, dirigir e viajar por cerca de um mês após a cirurgia. O paciente deve fazer acompanhamento médico regular para avaliar a recuperação e o controle do câncer. O principal exame para isso é o PSA (antígeno prostático específico), que deve ser feito periodicamente. O PSA é uma proteína produzida pela próstata e que aumenta em casos de câncer. Após a retirada da próstata, o PSA deve ficar indetectável ou muito baixo. Se o PSA voltar a subir, pode indicar recidiva do câncer, que pode exigir tratamentos adicionais, como radioterapia ou hormonioterapia.

A cirurgia para câncer de próstata pode afetar a qualidade de vida do paciente, especialmente em relação à função sexual e à continência urinária. Por isso, é importante que o paciente receba orientação e apoio médico, psicológico e familiar para enfrentar essas questões. O paciente também deve adotar hábitos saudáveis, como alimentação equilibrada, atividade física regular, cessação do tabagismo e controle do estresse, para melhorar sua recuperação e prevenir novos casos de câncer.