Antes de falar do câncer de próstata, vamos falar de conceitos básicos para sua melhor comprensão. A próstata é um órgão em formato de maçã, mas do tamanho de uma noz (20 g aproximadamente no adulto). Faz parte do sistema reprodutor masculino, e não do trato digestivo conforme a população em geral imagina.

– Função

Sua principal função é a produção do líquido prostático, que em conjunto com espermatozoides, líquido seminal das vesículas e líquido bulbouretrais, formam o sêmen ou esperma. O líquido prostático atua mantendo o Ph do esperma alcalino (ao contrário do ph ácido vaginal) e ajuda na motilidade dos espermatozoides.

– Anatomia

anatomia da prostata

Localiza-se no andar inferior do abdômen, na pelve masculina. Anatomicamente fica abaixo da bexiga, envolve a uretra e a frente do reto.

– Composta de 4 zonas que são divididas da seguinte maneira:

  • Periférica – corresponde até 70% do peso da glândula, origem de 60-70% dos tumores.
  • Central – 25% do peso, área dos ductos ejaculatórios. Pode ser origem de até 25% dos tumores.
  • Transicional – local da hiperplasia benigna. Pode corresponder de 15 a 30% do volume.
  • Anterior fibromuscular –  não contém glândulas, tem tecido fibroso e musculo liso.
zona periférica tem maior incidência de câncer de próstata
fonte: https://www.institutodaprostata.com/pt

– Afinal de contas o que é o PSA?

            O antígeno específico da próstata ou “Prostate Specific Antigen” é uma proteína específica da próstata e não apenas do câncer. Isso quer dizer que altera em qualquer doença prostática como: neoplasia, aumento benigno da idade e/ou inflamações. Sua função é tornar o esperma líquido, já que após a ejaculação se encontram “coagulado”.

            São usados para diferenciar a neoplasia de doenças benignas o seu valor total, a porção livre, relação entre PSA livre e total e a densidade de PSA que é obtida dividindo o valor absoluto pelo volume da próstata (de preferência com o volume obtida através de exame de imagem).

            O PSA total varia muito de acordo com idade da pessoa, peso e tamanho da próstata. Todas essas informações devem ser usadas para se chegar a conclusão se o valor atual é ou não normal para a pessoa. A razão entre PSA livre e total pode ajudar na diferenciação entre doença maligna e benigna, com o ponto de corte de 15% em que valores abaixo disso tem uma chance maior de ser doença maligna. Exemplo: PSA livre 0,2 com Psa total de 4,1, temos a razão de 4%.

Na densidade de PSA o pensamento é o oposto, quanto maior a densidade maior a chance de ser câncer, com o ponto de corte de 0,15. Exemplo: Psa total 4,1 com volume de próstata de 70 cm3, temos uma densidade de 0,05.

Epidemiologia

– Incidência do câncer de próstata

Desde 1984 é o tumor malignos mais comum nos homens, segundo estudos mundiais (excluindo câncer de pele). Corresponde atualmente a aproximadamente 19% dos tumores masculinos de acordo com estatística americana. Acometerá 1 em cada 8 homens durante a vida, com apenas 1 a cada 40 morrendo dessa doença. Dados do ministério da saúde de 2020 mostram 65.840 casos, correspondendo a 29% do total de neoplasia masculina.

Aparece 73% a mais em negros que na população branca. Algumas teorias falam em: menor acesso ao sistema de saúde, com diagnostico em fases mais avançadas; dieta mais rica em gorduras, maiores níveis de testosterona

– Mortalidade

            A mortalidade vem caindo gradativamente ao longo dos anos, de acordo com:

  • Detecção precoce após descoberta do PSA (sigla em inglês para Antígeno específico da próstata).
  • Maior utilização e eficácia das terapias curativas
  • Mudanças nas atribuições das causas de morte
  • Melhorias das terapias para doenças avançadas

No Brasil teve 15.841 mortes por câncer de próstata em 2020 entre os homens, correspondendo a 13.5% do total.

– Fatores de risco

  • Hereditariedade: Aumento da chance de acordo com número de familiares, grau de parentesco e idade ao diagnóstico.
  • Obesidade: de acordo com o estudo REDUCE, a obesidade diminui a chance de ter câncer de próstata de baixo risco mas aumenta a chance em neoplasias de alto risco
  • Tabagismo: estudos não mostram uma associação consistente, mas há clara maior mortalidade câncer-especifica entre os fumantes.
  • Consumo de álcool: os resultados são conflitantes, com alguns estudos mostrando associação e outros não.
  • Dieta

            Soja – as isoflavonas presentes na soja diminuem risco de câncer de acordo com meta-analises.

        Alimentos rico em gordura e carne vermelha parecem aumentar a chance de contrair a doença.

  • Idade: raro antes dos 40 anos, com maioria após os 65 anos.
  • Etnia: aparece mais nos homens com ascendência africana e caribenha.
  • Alterações genéticas: alterações em genes como BRCA 1 e 2 que também estão presentes em câncer de mama e ovário.

– Tratamento

O tratamento depende de alguns fatores como:

  • estágio da doença (inicial ou avançado)
  • localização (apenas na próstata; ou localmente avançado com extensão além da cápsula prostática ou acomentendo vesículas seminais; ou metastático)
  • idade do paciente e expectiva de vida

Doença local – vigilância ativa, cirurgia ou radioterapia.

Localmente avançada – cirurgia e radioterapia em conjunto com terapia hormonal.

Metastática – bloqueio hormonal, quimioterapia e agentes específicos para doença óssea.


Leia também:


FONTES:

https://www.cancer.org/cancer/prostate-cancer/about/what-is-prostate-cancer.html

https://www.inca.gov.br/bvscontrolecancer/publicacoes/Estudo_funcional_do_DD3_no_cancer_de_prostata_e_sua_interacao_com_a_via_do_recptor_de_androgenio_Ferreira_Luciana_Bueno.pdf

https://www.gov.br/inca/pt-br/assuntos/cancer/numeros

http://www.oncoguia.org.br/conteudo/fatores-de-risco-para-cancer-de-prostata/5850/1130/

https://uroweb.org/guidelines/prostate-cancer