– Introdução

                O termo criptorquidia significa “testículo escondido”, e consiste na ausência de um ou ambos testículos na bolsa escrotal no momento do nascimento. Na verdade, os testículos são formados originalmente na cavidade abdominal do menino quando ainda está intra útero, chegando a bolsa escrotal próximo ao nascimento. Pode ocorrer uni (até 90% dos casos) ou bilateralmente.

                É uma afecção muito comum, podendo ocorrer em até 1 a 9% das crianças nascidas a termo e em até 45% nos meninos nascidos prematuramente.

– Curiosidades:

  • Testículo ectópico: fora da bolsa escrotal e fora do trajeto normal de descida.
  • Testículo retrátil: testículo fica apenas transitoriamente fora da bolsa, devido ao aumento da atividade de musculo que o segura (reflexo cremastérico).

– Porque migram?

Os testículos são formados a partir da sexta semana de gestação próximos aos rins. Após esse período descem até o canal inguinal e lá permanecem até próximo as 28 semanas. Descem em direção ao saco por volta da 28 a 40 semanas. Acabam migrando de dentro da barriga para o escroto para ficar em uma temperatura um pouco mais fria (em torno de 1,5 a 2 graus). Assim os testículos podem produzir espermatozoides normalmente.

                Em algumas crianças, principalmente entre os prematuros, a migração dos testículos só irá ocorrer nos primeiros meses de vida, restando apenas por volt de 1% dos meninos com testículo não descido ao final do primeiro ano.

                Em 90% dos casos é unilateral, sendo mais comum a esquerda. Os locais que os testículos podem ficar retidos são: região abdominal, inguinal e supraescrotal. Em 80% dos casos, são palpáveis em algum lugar no canal inguinal.

criptorquidia

– Fatores de risco

Ainda não se sabe quais as causas específicas, mas acredita-se que seja uma combinação entre fatores genéticos, ambientais, anatômicos, hormonais e vindos da mãe.  Os principais fatores de risco são:

  •  Baixo peso ao nascimento e prematuridade.
  • História familiar de criptorquidia e de problemas de desenvolvimento dos genitais.
  • Ingestão de álcool e tabagismo pela mãe durante a gravidez.
  • Exposição dos pais a alguns pesticidas.
  • Uso de dietilestilbestrol pela mãe para câncer de mama.
  • Malformações fetais, como defeitos do tubo neural e da parede abdominal, paralisia cerebral ou alterações genéticas que provocam redução da produção de testosterona.

– Complicações

Por não apresentar um sintoma relevante, as mães e pais podem atrasar o tratamento quando indicado. Mas é importante salientar que a cirurgia é importante para evitar as complicações, que são:

  • Hérnia inguinal
  • Torção testicular
  • Aumento da chance de apresentar câncer no testículo acometido
  • Infertilidade
  • Compressão por traumas

– Diagnóstico

O diagnóstico dessa doença é essencialmente clínico, sendo necessário exame físico e história clínica. A criança deve ser examinada em ambiente com temperatura amena e com as mãos aquecidas. Examinar em pé e deitada. Em *0% dos casos, é encontrado em posição inguinal ou abdominal, aproximadamete 20% dos casos está localizado muito profundamente, ou não existe (agenesia), ou encontra-se muito atrofiado e pequeno.

Exames de imagem como Ultrassonografia e Ressonância magnética não são indicados para a pesquisa de testículos não palpáveis. Por esses exames não terem sensibilidade e especificidades ideais, a laparoscopia (cirurgia exploradora por vídeo) deve ser indicada.

– Tratamento

O tratamento normalmente é cirúrgico, mas deve-se esperar até 6 meses (idade está em que alguns testículos ainda podem descer até a bolsa escrotal). A cirurgia consiste em fixar o testículo acometido na bolsa escrotal. A terapia hormonal (gonadotrofina coriônica humana) não é mais indicada por não haver estudos mostrando sua eficácia.

Mesmo após a cirurgia de fixação do testículo na bolsa escrotal, o menino permanece com risco aumentado de câncer em torno de 2 a 5 vezes.

Apresentam maior chance de alteração em espermograma: risco de 75% de oligospermia (diminuição da quantidade de espermatozóides) ou azoospermia (ausência de espermatozóides) se bilateral ou 40% se unilateral.

Taxa de paternidade permanece a mesma em casos acometimento unilateral.

Fontes:

  1. Barthold,J.; Hagerty, J. Etiology, Diagnosis, and Managementof the Undescended Testis. In: KAVOUSSI, L.; Partin, A.; Demochoswski, R.; Peters, C. Campbell-Walsh-Wein Urology. Elsevier, 2021. p. 949-972.
  2. https://www.mdsaude.com/urologia/criptorquidia/
  3. https://www.portalped.com.br/especialidades-da-pediatria/neonatologia/criptorquidia-ou-testiculos-nao-descidos-uma-visao-geral/
  4. https://www.uptodate.com/contents/undescended-testes-cryptorchidism-in-children-clinical-features-and-evaluation
  5. https://portaldaurologia.org.br/publico/doencas/criptorquidia-o-que-e-causas-e-tratamentos/#:~:text=Criptorquidia%2C%20ou%20test%C3%ADculos%20n%C3%A3o%20descidos,45%25%20nos%20meninos%20nascidos%20prematuramente.
  6. https://sbu-sp.org.br/publico/criptorquidia/

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