A formação de cálculos renais é muito comum em toda população global, podendo aparecer em 1 a cada 8 pessoas (ou seja, 12% da população terá algum episódio de aparecimento de pedra no rim). Com o passar dos anos e advento de novas tecnologias para a realização de cirurgias cada vez menos agressivas, tem-se feito mais cirurgias e com menos efeitos colaterais, mas não tem alterado o curso da doença. Isso é demonstrado com o aumento no número de casos existentes (prevalência) e aumento no número de casos novos (incidência) ao redor do mundo.         

calculos renais

EPIDEMIOLOGIA

. substantivo feminino

ramo da medicina que estuda os diferentes fatores que intervêm na difusão e propagação de doenças, sua frequência, seu modo de distribuição, sua evolução e a colocação dos meios necessários a sua prevenção

Em um estudo multicêntrico conduzido pela Sociedade Japonesa de Pesquisa em Urolitíase, Yasui et al. (2008) encontraram um aumento na incidência anual ajustada por idade de cálculo de 54,2 por 100.000 em 1965 para 114,3 por 100.000 habitantes em 2005. Embora a incidência tenha aumentado em todas as faixas etárias na população, a idade de pico da incidência mudou em homens de 20 a 49 anos em 1965 para 30 a 69 anos em 2005 e em mulheres de 20 a 29 anos em 1965 para 50 a 79 anos em 2005.

Pode acometer até 40-60% de parentes de primeiro grau. É muito recorrente, com novos casos em até 50% das pessoas em 10 anos.

–  Diferenças entre os gêneros

Historicamente sempre se soube que é 2 a 3 vezes mais comum entre os homens. Mas estudos americanos mais recentes, utilizando dados de admissões hospitalares e visitas ambulatoriais, tem demonstrado uma diminuição nessa diferença, podendo já ser apenas 1,4 vezes mais comum em homens atualmente. Uma teoria aceita é que o hormônio estrogênio protege a mulher, diminuindo a diferença  na incidência após menopausa.

– Raça e Etnia

Novamente em estudos americanos, demonstrou-se mais casos em brancos, seguidos por hispânicos, asiáticos e negros. Uma curiosidade: entre negros há quase 2 vezes mais casos nas mulheres.

– Idade

Pedras nos rins era muito incomum entre crianças, mas vem aumentando gradativamente com o passar dos anos provavelmente por maior prevalência de obesidade e síndrome metabólica nessa faixa etária. Exemplificando: em 1999 teve 18.4 casos para cada 100 mil crianças nos estados unidos, aumentando para 57 casos para 100 mil (aumento de 10% ao ano).

Nos adultos, o pico de incidência gira em torno da quarta e secta décadas de vida (dos 30 aos 59 anos). Nos homem, a maior ocorrência é dos 60 aos 69 anos. Diferentemente, nas mulheres há 2 picos de incidência: dos 30 as 39 anos e 60 aos 69 anos.

– Geografia

Há maior prevalência em áreas de clima quentes ou secas como montanhas, desertos e zonas tropicais. Dieta e fatores genéticos também devem ser levados em conta.

Áreas de alta prevalência:

  • Estados Unidos
  • Ilhas Britânicas
  • Países escandinavos e mediterrâneos
  • Norte da Índia e Paquistão
  • Norte da Austrália
  • Europa central
  • Partes da Malásia e China

– Estações do ano

A formação dos cálculos renais é maior no verão, por haver maior perda de líquidos na transpiração e talvez elevação na Vitamina D induzida pelo sol.

** Estudo recente comprova que não há maior formação de cálculos na reposição da vitamina D a níveis normais.

http://abran.org.br/new/wp-content/uploads/2019/08/abran_artigo_30082019.pdf

– Ocupação

            Mais comum em profissões que são expostas a maiores temperaturas como cozinheiros, metalúrgicos e com exposição solar direta como agricultores ou trabalhadores de construção civil; profissões sedentárias e pouco acesso a banheiro como cargos gerenciais, ascensoristas e taxistas.

– Relação com outras doenças

            Há relação direta entre obesidade, IMC (índice de massa corporal) elevado e doença calculosa. Essa associação é maior nas mulheres que nos homens.

 Síndrome Metabólica ocorre quando estão presentes três dos cinco critérios abaixo:

  • Obesidade central – circunferência da cintura superior a 88 cm na mulher e 102 cm no homem;
  • Hipertensão Arterial – pressão arterial sistólica maior que 130 mmHg e/ou pressão arterial diastólica maior que 85 mmHg;
  • Glicemia alterada (glicemia > 110 mg/dl) ou diagnóstico de Diabetes;
  • Triglicerídeos > 150 mg/dl;
  • HDL colesterol < 40 mg/dl em homens e < 50 mg/dl em mulheres

Presença de 4 ou 5 dos fatores diagnósticos da síndrome metabólica, aumenta em 2 vezes a chance de formação de cálculos renais.

Estudos demonstraram maior chance de doença calculosa em mulheres diabéticas, mas sem relação nos homens.

Em um estudo de meta-analise de 2017, descobriu que mulheres com urolitíase tem 1.43 vezes chance maior de desenvolver hipertensão arterial, relação não existente nos homens. Há também maior chance nas mulheres de infarto e acidente vascular cerebral (AVC).

Há maior chance de perda de função renal ao longo dos anos (Doença renal crônica ou antigamente chamada de Insuficiência renal crônica), mesmo com controle dos fatores de riscos.

A ingestão de baixa quantidade de líquidos (água principalmente) e baixa produção de urina também é uma causa importante de formação de pedra nos rins.


– Tipos de cálculos renais e suas causas:

ComposiçãoOcorrência (%)
a) Contendo cálcio
Oxalato de Cálcio 60
Hidroxiapatita20
Brushita2
b) sem Cálcio
Ácido úrico7
Estruvita7
Cistina1–3
Triantereno<1
Sílica<1
2,8-Dihidroxiadenina<1

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