Incontinência urinaria é definida como qualquer perda involuntária de urina ou vazamento. Ocorre 2 vezes mais no sexo feminino que masculino, aparecendo em cerca de 30% das idosas e 15% dos idosos. Não é exclusiva da terceira idade, podendo aparecer desde a infância.

Incontinência na infância só é assim chamada ao ocorrer perda urinária após a criança já ter aprendido a usar o banheiro, fato que ocorre aos 5 anos em 90% das crianças. Também são mais comuns nas meninas, acometendo 2 a 5 vezes mais que meninos.

Há vários tipos de incontinência na infância:

  • incontinência do riso;
  • refluxo vaginal (menina que senta em posição errada, armazenando urina na vagina e há gotejamento de urina quando levanta);
  • enurese noturna (perda involuntária durante o sono);
  • incontinência relacionada com constipação intestinal.
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1. Tipos de Incontinência Urinária

Para entender como tratar a incontinência urinária, é fundamental reconhecer os diferentes tipos desta condição. Cada tipo tem características distintas e requer abordagens específicas para o manejo.

1.1 Incontinência de Esforço

A incontinência de esforço é o tipo mais comum e ocorre quando há perda de urina durante atividades que aumentam a pressão intra-abdominal, como tossir, espirrar, rir ou levantar pesos. Essa condição geralmente resulta do enfraquecimento dos músculos do assoalho pélvico ou do esfíncter urinário. As mulheres, especialmente após a gravidez e o parto, são mais suscetíveis a este tipo de incontinência.

1.2. Incontinência de Urgência

A incontinência urgente é caracterizada por uma necessidade repentina e intensa de urinar, seguida por uma perda involuntária de urina. Os pacientes frequentemente têm dificuldade em chegar ao banheiro a tempo e podem experienciar frequência urinária elevada e urgência noturna. Essa condição é frequentemente associada a problemas como cistite intersticial ou hiperatividade da bexiga.

1.3. Incontinência Mista

A incontinência mista combina sintomas de incontinência de esforço e incontinência e de urgência. Isso significa que o paciente pode experienciar vazamentos de urina tanto durante atividades físicas quanto devido a urgências frequentes. O tratamento dessa condição pode ser mais complexo, exigindo uma abordagem integrada para gerenciar ambos os aspectos.

1.4. Incontinência por Transbordamento

Este tipo ocorre quando a bexiga não consegue esvaziar completamente, resultando em vazamentos contínuos ou frequentes. Geralmente é causado por uma obstrução no fluxo urinário, como a hiperplasia prostática benigna nos homens, ou por fraqueza dos músculos da bexiga. A incontinência por transbordamento pode levar a uma sensação constante de plenitude na bexiga.

1.5. Incontinência Funcional

A incontinência funcional ocorre quando fatores externos, como limitações físicas ou problemas cognitivos, impedem o paciente de acessar o banheiro a tempo. Por exemplo, problemas de mobilidade ou demência podem fazer com que o paciente não consiga chegar ao banheiro rapidamente, resultando em vazamentos.

2. Diagnóstico da Incontinência Urinária

O diagnóstico da incontinência urinária envolve uma avaliação completa para identificar a causa específica da condição e determinar o tratamento mais adequado.

2.1. Histórico Médico Detalhado

O diagnóstico começa com uma coleta detalhada do histórico médico. O médico fará perguntas sobre os sintomas, incluindo a frequência e a intensidade dos vazamentos, atividades que provocam os vazamentos e qualquer impacto na qualidade de vida. Informações sobre o histórico de saúde, medicamentos e procedimentos anteriores também são relevantes para o diagnóstico.

2.2. Exame Físico

O exame físico é uma parte crucial do diagnóstico. No caso das mulheres, o exame pélvico pode ajudar a avaliar a força dos músculos do assoalho pélvico e detectar sinais de prolapsos. Nos homens, o exame retal pode ser necessário para avaliar a próstata e identificar possíveis obstruções. O exame físico também pode incluir uma avaliação geral da mobilidade e da função cognitiva para identificar a incontinência funcional.

2.3. Exames Complementares

Dependendo dos sintomas e dos achados clínicos, exames adicionais podem ser necessários:

  • Urinálise: Para detectar sinais de infecção ou outros problemas na urina.
  • Ultrassonografia: Para visualizar a estrutura da bexiga e dos rins e avaliar a presença de retenção urinária.
  • Cistometria: Para medir a pressão dentro da bexiga e avaliar a função da bexiga durante o enchimento e o esvaziamento.
  • Urodinâmica: Para analisar a função da bexiga e da uretra e determinar a causa dos sintomas.

2.4. Diário Urinário

Um diário urinário pode ser solicitado para registrar os padrões de micção. O paciente anota a frequência e o volume de urina, bem como os episódios de vazamento e as atividades associadas. Essa ferramenta ajuda a identificar gatilhos e padrões específicos, orientando o plano de tratamento.

3. Opções de Tratamento para Incontinência Urinária

O tratamento da incontinência urinária deve ser personalizado de acordo com o tipo e a gravidade dos sintomas. Diversas opções estão disponíveis, desde abordagens conservadoras até intervenções cirúrgicas.

3.1. Tratamentos Conservadores

3.1.1. Exercícios do Assoalho Pélvico

Os exercícios de Kegel são fundamentais para fortalecer os músculos do assoalho pélvico, melhorando o suporte da bexiga e o controle da urina. Esses exercícios são recomendados especialmente para a incontinência de esforço e devem ser realizados regularmente.

3.1.2. Modificações no Estilo de Vida

Mudanças na dieta e no estilo de vida podem ajudar a controlar os sintomas. Reduzir o consumo de cafeína e álcool, evitar alimentos que irritam a bexiga e manter um peso saudável pode ser benéfico. A gestão de fluidos, incluindo a redução da ingestão antes de dormir, também pode ajudar a reduzir a frequência urinária noturna.

3.1.3. Treinamento da Bexiga

O treinamento da bexiga envolve estabelecer um cronograma regular para a micção e aumentar gradualmente o intervalo entre as idas ao banheiro. Essa técnica ajuda a aumentar a capacidade da bexiga e a reduzir a urgência urinária.

3.2. Tratamentos Farmacológicos

Medicamentos podem ser usados para tratar diferentes tipos de incontinência:

  • Antimuscarínicos: Estes medicamentos ajudam a reduzir a hiperatividade da bexiga e são usados principalmente para a incontinência urgente.
  • Estrogênios Tópicos: Podem melhorar a tonicidade dos tecidos da uretra em mulheres na pós-menopausa.
  • Agonistas Beta-3: Ajudam a relaxar a bexiga e aumentar sua capacidade de armazenamento.

3.3. Intervenções Cirúrgicas

Quando tratamentos conservadores e medicamentosos não são eficazes, opções cirúrgicas podem ser consideradas:

  • Suspensão da Bexiga: Procedimento para levantar e suportar a bexiga em sua posição correta.
  • Cirurgia de Sling: Implantação de uma fita de suporte para a uretra, especialmente eficaz para a incontinência de esforço.
  • Injeções de Agentes de Aumento: Como o colágeno, para melhorar o fechamento da uretra.

3.4. Outras Terapias

Algumas terapias adicionais, como estimulação elétrica da bexiga e biofeedback, podem ser úteis para casos específicos. Essas abordagens visam melhorar a função da bexiga e ajudar no controle dos sintomas.

4. Impacto Emocional e Suporte Psicológico

A incontinência urinária pode ter um impacto significativo na saúde emocional e psicológica dos pacientes. O estigma associado à condição pode levar a sentimentos de vergonha e isolamento. É importante buscar apoio psicológico e considerar a participação em grupos de apoio para compartilhar experiências e obter suporte emocional. Profissionais de saúde mental podem ajudar a desenvolver estratégias para lidar com o impacto emocional da incontinência.

Conclusão

A incontinência urinária é uma condição comum e tratável, mas que exige uma abordagem compreensiva e personalizada. Desde a identificação dos tipos e causas até o diagnóstico e tratamento, é crucial compreender cada aspecto da condição para proporcionar a melhor qualidade de vida possível. Se você está enfrentando sintomas de incontinência urinária, converse com um profissional de saúde para obter uma avaliação detalhada e discutir as opções de tratamento disponíveis. Com o tratamento adequado e o suporte necessário, é possível gerenciar a incontinência urinária e melhorar significativamente a sua qualidade de vida.

fonte:

https://www.msdmanuals.com/pt-br/casa/dist%C3%BArbios-renais-e-urin%C3%A1rios/dist%C3%BArbios-da-mic%C3%A7%C3%A3o/incontin%C3%AAncia-urin%C3%A1ria-em-adultos#Tipos-de-incontin%C3%AAncia_v39501780_pt

https://www.einstein.br/doencas-sintomas/incontinencia-urinaria-feminina

https://www.rededorsaoluiz.com.br/doencas/incontinencia-urinaria


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